quarta-feira, 26 de novembro de 2008

1957 - Tijuana Moods - Charles Mingus

"Charles Mingus não era apenas um homem imenso e descontrolado que surrava para seus músicos quando erravam alguma nota (são clássicos os cascudos que deu em seu trombonista Jimmy Knepper). Ele também tinha um lado inegavelmente doce... não há sequer um registro policial de que tenha disparado sua arma, que levava na cintura em suas apresentações ao vivo, em algum ouvinte mais falador. É aquela coisa: todos queremos nos sentir protegidos, principalmente quando temos apenas 1,90m e 100kg. Além de sua gentileza, muito além, estava sua profunda e dilacerante ironia, não a ironia de um truculento que conserta sua mesa de sinuca com um cartão funcional, mas a ironia rascante do gênio irrequieto. Em seu álbum Tijuana Moods, gravado no estúdio A da RCA de New York, entre 18 de julho e 6 de agosto de 1957, traduz muito bem isso e presta uma homenagem aos cucarachos ("A barata" é uma tradicional canção folclórica em língua castelhana, pertencente ao gênero corrido, que foi muito popular no México durante a Revolução Mexicana). Na terceira faixa "Tijuana Gift Shop", Mingus primeiro zomba afrontosamente com meia dúzia de lugares-comuns do latin jazz para, em seguida, misturá-los de forma assustadoramente criativa, produzindo, quem diria, jazz. Foram raríssimos os músicos de jazz que se deram ao trabalho de manipular o material latino disponível de forma tão autêntica, criativa e convincente. Acredito que Mingus foi o músico do jazz que melhor soube dosar essa influência caribenha que sempre rondou o mundo do jazz e, apesar de despudoradamente explícitas as citações latinas, ao final todas soavam discretamente articuladas ao contexto jazzístico. Com incrível habilidade e talento Charles exige de nós atenção aos detalhes e sobretudo, senso de humor quando ouvimos a maioria de seus álbuns, sob pena de pensarmos estar ouvindo apenas mais um disco de jazz. Sua habilidade com a utilização do blues foi idêntica. Só é preciso registrar que, nesse álbum, Mingus põe Frank Dunlop, um dos melhores bateristas da época, tocando castanholas. Em 25 de September 2001, a RCA Victor Europe relança Tijuana Moods the complee edition, albúm remasterizado com mais seis faixas alternativas do rolo de estudio destas duas sessões. Uma otima autobiografia de Charles Mingus e dispunivel no Brasil é Saindo da Sarjeta, pela editora Jorge Zahar, com boa tradução do Roberto Muggiati (Sem comentarios). Mingus foi uns do modernizadores do jazz, um baixista incrível e um compositor alem de seu tempo. Tocou com todo mundo que importava na sua época, mas não é disso que se trata a sua autobiografia. Saindo da Sarjeta é quase um livro erótico, tão minuciosamente Mingus comenta a sua vida sexual, das descobertas do amor à tentativa de virar um cafetão. A música fica em terceiro ou quarto plano. Um problema do livro são opção de narra sua vida na terceira pessoa, desde o nescimento, esbarrando em momentos de pieguice profunda. Mesmo assim, as aventuras desse Casanova do jazz são deliciosas e proporcionam uma leitura ligeira e divertida. É considerado, ao lado de Thelonious Monk e Duke Eliington, um dos três maiores compositores da história do Jazz". Texto e fonte, gentilmente cedida por:

Jazzseen.blogspot.com

Faixas:
01 - Dizzy Moods
02 - Ysabel's Dance Table
03 - Tijuana Gift Shop
04 - Los Mariachis (The Street Musicians)
05 - Flamingo
06 - A Colloquial Dream (Scenes In the City)
07 - Dizzy Moods (Alt. Take)
08 - Ysabel's Dance Table (Alt. Take)
09 - Tijuana Gift Shop (Alt. Take)
10 - Los Mariachis (Alt. Take)
11 - Flamingo (Alt. Take)
12 - A Colloquial Dream (Alt. Take)

Musicos:
Charles Mingus - Baixo Acustico
Curtis Portor (Shafi Hadi) - Sax. Alto
Jimmy Knepper - Trombone
Clarence Shaw - Trompete
Bill Trigia - Piano
Dannie Richmond - Bateria
Frankie Dunlop - Percurssão
Ysabel Morel - Castalholas
Lonnie Elder - Vozes & Narração

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Boa audição - Namastê.

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