sexta-feira, 10 de julho de 2009

1967 - Expression - John Coltrane

"O jazz, tal como um poema, é um diálogo entre a palavra e o silêncio. E nesse jogo entre o que é dito e o que é sugerido, entre o que se murmura e o que se quer gritar, nem são necessários sinais de pontuação. Na sua melhor expressão, o jazz nunca tem pontos finais. Jazz é liberdade de expressão. Os acordes são autónomos, a estrutura dos temas é constantemente alterada em função da intuição melódica do músico. Jazz é improvisação. Não vive das sensações de déjà-vu musical que as pessoas se habituaram a sentir como melodiosas; vive de uma dinâmica constante e muitas vezes imprevisível que nos deixa em constante alerta. Quando John Coltrane pega no saxofone os céus tornam-se voláteis. As estrelas e os planetas deixam de obedecer aos mandamentos de Newton e de Kepler e voltam às mãos de Deus. Este tema, Ogunde, é um dos últimos que Coltrane compôs antes de morrer. Três minutos e 41 segundos do mais difícil e sublime jazz: Ogunde inicia-se com o saxofone em bela oração, mas muda abruptamente questiona-se, cria um labirinto melodioso onde nos perdemos até seguirmos Coltrane de novo em direção à luz: a melodia inicial agora transformada numa versão jazzística de um Requiem. Tão bizarro, tão inacessível, tão bonito. Muitos acham que o jazz é uma merda mas é a melhor música do mundo". Texto: O Requiem de Coltrane por Marcos Santos (16/Dezembro/2007)

Gravado em duas sessões, 17 de Fevereiro e 07 de Março de 1967, "Expression" tornou-se um album notorio na discografia de Trane quando a Impulse Record abriu mão da longitude de seu saxofone. Conta-se de passagem que neste periodo Coltrane ja sabia de seu cancer do figado devido a varias visitas feitas a um curandeiro hindu para se tratar ao invés de usar a medicina ocidental, fato negado mais tarde por Alice Coltrane sua segunda esposa. Fato ou não Trane abraçou sua musica como forma de alivio imediato e explessa sua sutileza em "To Be" trazendo uma caracteristica única do musico em tocar flauta com o genial e excêntrico Pharoah Sanders, tornando única com esse instrumento. Como na narrativa inicial, "To Be" deixa uma prece quase angelical no sopro dos mestre, um murmurio de silêncio da alma de quem tenta falar com Deus. Tal como para o resto do álbum, Coltrane adquiri uma densa, mais vasta, ofertar de temas sonoros aos anjos. Essa era a essência de John Coltrane intimamente ligada à música.

Faixas:
01 - Ogunde
02 - To Be
03 - Offering
04 - Expression
05 - Number One (Faixa adicional na remasterização)

Musicos:
John Coltrane - Sax. Tenor & Flauta
Pharoah Sanders - Flauta, Flautim & Tamborim (Faixa 02)
Alice Coltrane - Piano
Jimmy Garrison - Baixo Acustico
Rashied Ali - Bateria

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Boa audição - Namstê.

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