domingo, 31 de janeiro de 2010

Chesney Henry Baker Jr. (1929-1988)


Chet Baker & Art Pepper , 26 de Junho de 1956 no Blue Note Records Record
Fotografado por - William Claxton

1956 - The Route - Chet Baker And Art Pepper

Cerimônias fúnebres á beira da sepultura pontilhavam as colinas ondulantes do cemitério Inglewood Park em um bairro residencial negro nos arredores de Los Angeles. Toldos brancos protegiam as pessoas do sol mas não podiam bloquear o ronco dos aviões que subiam e desciam no Aeroporto Internacional de Los Angeles ali perto. Por todo o cemitério o cheiro fético dos vapores dos jatos sufocava o odore fresco de grama cortada. Dois dias antes um vôo de passageiros da Holanda trouxera o corpo de um trompetista lembrado como um dos homens mais bonitos dos anos 50. Chet Baker morrera em Amsterdam, na sexta feira dia 13 e sabia-se que sua morte misteriosa estava ligada a drogas. Agora depois de anos na Europa estava de volta ao sul da Califórnia onde conhecera a glória pela primeira vez para galgar o repouso final ao lado do pai. Garoto da zona rural de Oklahoma, Baker povoara de fantasias a cabeça das pessoas desde o momento em que nasceu. Tudo em relação a ele estava aberto à especulação: Seu estilo cool de tocar trompete tão vulnerável e no estando tão desligado; seu meio sorriso enigmático; a androginia de seu canto doce; um rosto igualmente infantil e sinistro. O som que tirava do seu instrumento levou os fás italianos de Chet a apelidarem de L´angeloTromba d´oro (o anjo) e (trompete de ouro). Marc Danval, um escritor da Bélgica, chamava sua música de "(um dos lamentos mais bonitos do século XX) e o comparava a Baudelaire, Rilke e Edgar Allam Poe. Na Europa, até mesmo a prolongada dependência de heroína trabalhava a seu favor, fazendo com que parecesse ainda mais frágil e precioso. Mas nos Estados Unidos sua morte não sensibilizou muita gente. O necrológico de Baker no New York Time que dava a idade errada (59, em vez de 58), o retratava como um ídolo decadente cuja “sorte fenomenal” se “tornara amargo” devido às drogas. "Alguns críticos disseram que Baker talvez tenha sido superestimando no início", comentava o jornal sobre um músico que certa vez fora proclamado como a Grande Esperança Branca entre os trompetistas de jazz. Apesar de anúncios fúnebres no Los Angeles Time e no Hollywood Report, somente cerca de 35 pessoas compareceram ao enterro. "Foi triste, não foi uma celebração", disse o clarinetista e amigo Bernie Fleischer, colega de longas datas na banda do colégio. "Mas, de qualquer modo, ninguém esperava que ele durasse tanto". Poucos dos que estavam reunidos ali sabiam muita coisa de sua vida no estrangeiro e agora ao olharem para o caixão fechado, ficavam ainda mais intigados com sua morte. Por volta das 03h10 da madrugada a polícia holandesa removera o corpoda clçada, logo abaixo da janela do seu quarto no terceiro andar de um hotel da Estação Ferrovíaria Central de Amsterdam. A poucos passos ficava a Zeedijk, uma ruela sinuosa, notória como o ponto de venda de drogas mais descarado da Europa. Os policiais despejaram o cadáver anônimo no necrotério, supondo tratar-se de mais um infeliz viciado. No dia seguinte, Peter Huijts, empresário de turnê holandês de Baker, identificou o corpo. A morte foi dada como suicídio ou acidente introduzido por drogas. Mas havia uma abundância de provas contraditórias. A janela do seu quarto de hotel só abria até trinta centímetro, tornando impossível que ele tivesse caído involuntariamente. Objetos para uso de drogas foram encontrados por todo o quarto, mas um porta-voz da polícia anunciou que sangue de Chet não acusava nenhum indício de heroína, Meses antes de sua morte. Baker dissera a várias pessoas que alguém andava atrás dele. Sua viúva inglesa, Carol Baker que morava em Oklahoma com seus três filhos, compartilhava da mesma idéia. "Não foi suicídio, foi crime", insistia. O pianista Frank Strazzeri, que tocara com Baker pouco tempo antes levou a suspeita ainda mais adiante: "Eu olho pro caixão e digo:'Que merda, cara, o que aconteceu? O que você fez? Seu idiota, torrou a grana de outro cara. Acabaram matando você". Era típico de Baker deixar todo mundo na dúvida até mesmo na morte. Era um homem de tão poucas palavras e notas que cada uma delas parecia misteriosa e profunda. O escritor inglês Colin Buter havia notado uma qualidade semelhante em Jeri Southern, uma cantora e pianista dos anos 50 cujas neuroses lhe valeram um colapso nervoso e a recusa em voltar a cantar. "Era como se ela tivesse olhando no coração de um sonho americano e enxergado os contornos de um pesadelo sobre o qual não se deveria nem falar a respeito", escreveu Butler. Baker vivera dentro de alguma tormenta sem nome, só sua e extraíra dela uma música de tristeza e de um lirismo tão tocantes que as pessoas se agarraram a ele durante anos, decididas a decifrar o seu segredo. Para Hiro Kawashima jovem trompetista japonês, Baker era como Buda: "Ele me ensinou sobre a própria vida e eu o considero o 'mestre da vida', por assim dizer". A cantora Ruth Young, namorada de Baker durante dez anos era tão fascinada por "Picasso" como o chamava, que contrabandeava droga através das fronteiras para ele e uma vez até o ajudou a arrastar um cadáver de dentro de um apartamento europeu e a se desfazer dele. Baker despertou uma obsessão semelhante no fotógrafo Bruce Weber que pagou pelo eu enterro. De 1986 a 1989m Weber teria gasto 1 milhão de dólares do deu próprio boldo para fazer o documentário Let´s Get Lost, uma fantasia orgástica sobre um homem cuja aparência nos anos 50 ajudara a inspirar os anúncios homoeróticos deWeber para as roupas íntimas de Clavin Klen. Sua câmera passeou extasiada pelo Baker do final dos anos 80, uma figura que os críticos de cinema chamaram de um a "cadáver cantante" (J. Hoberman, no Village Voice), um "bode decadente" (Julie Salamon, no Wall Street Journal), "uma relíquia de bochechas cavadas, desdentada, sussurrante à beira da morte cerebral" (Charles Champlin, no Los Angeles Times), um "viciado em heroína pouco confiável e conivente" (Lee Jeske, no New Yorl Post), um "sanguessuga" e "fantasma devastado pela droga" (Chip Stern, Rolling Stones). Tudo isso sobre um homem cujos solos eram considerados modelos de expressão sincera, graciosos como poemas. (Chet Baker - A Longa Noite de um Mito - James Gavin "Ed. Companhia das Letras - 2003".pags. 11 à 13).

Faixas:
01 - Tynan Time
02 - The Route
03 - Sonny Boy
04 - Minor Yours
05 - Little Girl
06 - Ol’’ Croix
07 - I Can’’t Give You Anything But Love
08 - The Great Lie
09 - Sweet Lorraine
10 - If I Should Love You
11 - Younger Than Springtime

Músicos:
Chet Baker - Trompete
Art Pepper - Sax Alto
Pete Jolly - Piano
Richie Kamuca - Sax tenor
Stan Levey - Bateria
Leroy Vinnegar - Baixo Acustico

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Boa audição - Namastê.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Saudações e bem vindo seguidores, visitantes e amigos do Borboletas de Jade
sua casa de jazz e vanguarda.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

2009 - Side Steps - John Coltrane

Trane – diminuitivo de Coltrane – obteve uma longa maturação, esta evolução representa um percurso ideal para um músico da sua geração: pratica sucessivamente a fanfarra, o rhythm’n’blues, o be-bop em big band (na do Apollo e depois na de Gillespie) e toca depois com dois dos maiores virtuosos do saxofone – Hodges e Bostic. Mas é com Miles Davis que Coltrane sai do anonimato. Miles lança-o consigo para a boca de cena. Entre eles nasceu uma amizade profunda e uma cumplicidade musical comparável à que unia Parker e Gillespie. O seu quinteto (ao qual se juntará Cannonball Adderley) evoluiu muito rapidamente: inicialmente tímido Coltrane começa a ganhar protagonismo nos últimos meses (1959) devido à energia que emprega nos seus solos e nas suas intervenções criativas pondo Miles numa certa confusão. Também tocou ao lado de Monk, grande pianista desta era, influência decisivamente suas concepções harmónicas e rítmicas. Gravou o seu primeiro álbum – Blue Train – em 1957 e largou a heroína e o álcool. É então após Kind of Blue que Coltrane descola de Miles e começa a desenvolver cada vez mais longamente os seus solos, enriquece a sua execução com harmónicos sabiamente controlados, emissões difónicas (ghost notes) e “zonas sonoras” inspiradas na harpa, instrumento este no qual se interesso após conhecer Alice Coltrane . No saxofone tenor tinha uma sonoridade grandiosa mesmo nos registos extremos pois ultrapassava a tessitura de três oitavas do instrumento. Além disso Coltrane em 1960 adapta ao saxofone soprano e torna-se o maior estilista desse instrumento. Coltrane estudou a politonalidade e o improviso modal bem como mostrou interesse pelas “ragas” indianas, escalas pentatónicas africanas e polifonias dos pigmeus. Estes fatores decuplicavam a sua imaginação melódica conseguindo timbres e efeitos inéditos na tradição ocidental. Fundou em 1960 um quarteto com McCoy Tyner ao piano, Jimmy Garrison no baixo e Elvin Jones na bateria. Este quarteto torna-se num verdadeiro laboratório do improviso colectivo com um nível de lirismo e de subtileza inigualável. Coltrane assimila serenamente influências de Ornette Coleman, John Gilmore e Eric Dolphy, juntando-se com este último para algumas sessões históricas. Este quarteto dissolve-se cinco anos mais tarde pois a loucura de Coltrane não ser compatível com a ligação forte dos músicos à sistemática e regras harmónicas Ocidentais. Coltrane lançou-se então numa corrida louca contra o tempo cujo objetivo parecia ser o de deixar o máximo de marcas e traços das suas pesquisas. Toca praticamente dia e noite e aproveita o seu contrato com a Impluse Records para gravar o máximo possível estando rodeado por jovens admiradores seus – Pharoah Sanders, Archie Shepard, Rashied Ali e a sua segunda esposa Alice. Os títulos dos seus discos – Impressions, Transitions, Ascension, Crescent, Mediations, Om, Sun Ship – reflectem bem a sua vontade de ultrapassar a tradição lúdica do jazz para atingir uma dimensão mística que é nessa época em que floresce o movimento Hippie e Jimi Hendrix a manifestar-se. Morre brutalmente deixando sempre a dolorosa questão: será que a música se torna imortal?. Nasceu em 1926 em Hamlet e faleceu em 1967 em Huntington. A sua morte prematura foi uma tragédia e um marco ao ponto de que o Jazz contemporâneo é correntemente qualificado como “pós-coltraniano” e a sua influência atingiu a dimensão de um vúltimos sete anos de vida abalaram as regras da improvisação de uma forma tão profunda como já tinha feito Armstrong ou como Parker – que revelou apenas aos trinta e três anos o seu génio com Giant Steps e depois com My favorite Things. Seria Coltrane a “ultrapassar” a barreira do virtuosismo parkeniano uma espécie de “muro sem som” impossível de ultrapassar pois atingiu uma nova fronteira tecnológica, uma nova estética ao nível do Be-bop. Lançamento em 06 de outubro de 2009 com cinco CD box set, Side Steps traduz o perfil de Coltrane como papel de apoio como sideman a líder de bandas nas 43 faixas presente ao longo do trabalho nas sessão pela Prestige, meados de 1956 ao início de 1958, com excepção do seu trabalho com Miles Davis (que é caracterizado no Miles Davis Quintet: Legendary Prestige Quintet Sessions, lançado em 2006). Aprecie sem moderação.


Faixas:

CD1
01 - Weeja
02 - Polka Dots And Moonbeams
03 - On It
04 - Avalon
05 - Mating Call
06 - Soultrane
07 - Gnid
08 - Super Jet
09 - On A Misty Night
10 - Romas

CD2
01 - Tenor Madness
02 - Potpourri
03 - J.M.’s Dream Doll
04 - Don’t Explain
05 - Blue Calypso
06 - Falling In Love With Love
07 - The Way You Look Tonight
08 - From This Moment On
09 - One By One

CD3
01 - Our Delight
02 - They Can’t Take That Away From Me
03 - Woody’n You
04 - I Got It Bad (And That Ain’t Good)
05 - Undecided
06 - Soul Junction
07 - What Is There To Say
08 - Birks’ Works
09 - Hallelujah

CD4
01 - All Mornin’ Long
02 - Billie’s Bounce
03 - Solitude
04 - Two Bass Hit
05 - Soft Winds
06 - Lazy Mae

CD5
01 - Under Paris Skies
02 - Clifford’s Kappa
03 - Filidia
04 - Two Sons
05 - Paul’s Pal
06 - Ammon Joy
07 - Groove Blues
08 - The Real McCoy
09 - It Might As Well Be Spring

Boa audição - Namastê.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

2008 - Beautiful Ballads And Love Songs - Miles Davis

O estilo elíptico de Miles ao trompete levou muitos críticos a dizerem que toca mal. "No bebop, todo mundo tocava muito rápido. Mas eu jamais gostei de tocar um monte de escalas e essa merda toda. Sempre tentei tocar as notas mais importantes do acorde, decompô-lo. Eu ouvia os músicos tocando todas aquelas escalas e nunca nada que a gente pudesse lembrar” afirma Miles. Durante os anos 50, montou seu primeiro grande quinteto com destaque para o jovem e inquieto John Coltrane. No final da década outras duas revoluções. A primeira na parceria com o maestro Gil Evans e a união de jazz, música erudita e sons latinos em Miles Ahead - 1957, Porgy And Bess - 1958 e Sketches Of Spain - 1959. A outra revolução veio com Kind Of Blue - 1959, seu trabalho mais importante e um dos discos de jazz mais vendidos de todos os tempos. Miles popularizou o modal, técnica de composição baseada em módulos, em vez de notas ou melodias o que favorece a improvisação. Nos ensaios de Kind Of Blue, Miles levanta apenas as bases das músicas, repetitivas e simples (ouça com atenção “So What”) o resto a banda improvisava por cima. O segundo quinteto é a mais completa banda de jazz que já tocou junta: Wayne Shorter (saxofone), Herbie Hancock (piano), Ron Carter (baixo) e Tony Williams (bateria). Com essa banda, Miles flertou com o jazz mais vanguardista sem que as composições perdessem a forma. O entrosamento do quinteto era incrível. Nos shows, Hancock sentava em cima da mão esquerda para que seus companheiros não pudessem descobrir para onde ele levaria a melodia. Williams, que entrou na banda com menos de 20 anos criou escola com sua polirritmia. Carter era sólido como uma rocha e Shorter contribuía com seu talento de compositor. São dessa época os clássicos como “Footprints”, “Masqualero”, “Nefertiti” e “Prince Of Darkness”. Em 1968 e influenciado pelo rock parte para os instrumentos elétricos e promove sua última revolução no jazz. No ano seguinte sai o irretocável "In a Silent Way" e sai em turnê com o chamado “lost quintet”, composto pelo saxofonista Shorter, o baixista inglês Dave Holland (então com 22 anos), o pianista Chick Corea e o baterista Jack DeJohnette. Infelizmente essa banda não chegou a gravar em estúdio mas os registros dos shows que fizeram mostram que eram quase tão bons quanto o segundo quinteto. Ainda em 1969 sai o famoso "Bitches Brew" com participação do guitarrista John McLaughlin. A partir desse albúm, Miles leva a fundo as experimentações elétricas, flertando com o rock e o funk. Seus discos dos anos setenta são logaritimos de referencia com a excelente Get Up With It - 1972, a cansativas e indulgentes A Tribute To Jack Johnson - 1970. A partir daí explorou ritmos mais modernos como funk, dance music, eletrônica e hip hop. Em 28 de setembro de 1991 o trompete de Miles silencia. Sua obra - vasta, multifacetada, evolutiva, desbravadora, ora hermética, ora lírica - irá certamente fornecer material para análise e motivo de puro deslumbramento para muitas gerações. Beautiful Ballads And Love Songs apresenta algumas das melhores interpretações de baladas no trompete de Miles Davis faz uma viagem na carreira do principe das trevas como era chamdo. Como tal é a introdução perfeita para Davis. A introdução perfeita para o jazz. Acima de tudo "The Perfect Valentine" deixa um clima de gosto de paixão e tanje o amor em silencio ou é apenas porque você gosta de jazz???!!!!!.

03 - Corcovado (Quiet Nights)


Faixas:
01 - 'Round Midnight'
02 - Summer Night
03 - Corcovado (Quiet Nights)
04 - Stella By Starlight
05 - My Ship
06 - I Thought About You
07 - Bess, You Is My Woman Now
08 - Blue In Green
09 - I Loves You Porgy
10 - I Fall In Love Too Easily
11 - Time After
12 - My Funny Valentine (Live)

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Boa audição - Namastê.